O homem encontrou na comunicação a alternativa de ter um espaço na sociedade e de se tornar um ser sociável, interagindo seu modo de vida e oportunizando a possibilidade de mudar sua realidade.
A necessidade de comunicação fez com que o homem criasse meios de se relacionar, diminuindo o individualismo e encurtando distâncias. O ato de se comunicar, segundo BORDENAVE, 2005, p.36:
“serve para que as pessoas se relacionem entre si, transformando-se mutuamente e a realidade que as rodeia. Sem a comunicação cada pessoa seria um mundo fechado em si mesmo. Pela comunicação as pessoas compartilham experiências, ideias e sentimentos. Ao se relacionarem como seres interdependentes, influenciam-se mutuamente e, juntas, modificam a realidade onde estão inseridas”.
Deste modo, a comunicação reflete na ação humana e estabelece princípios linguísticos mediante o contexto sócio-cultural onde o indivíduo esta inserido, gerando assim Competência Comunicativa.
Essa por sua vez, é concebida a partir de regras sociais, culturais e psicológicas de uso específico da linguagem em determinado momento. Dell Hymes (1971) pesquisou algumas regras de uso de uma língua nos próprios contextos sócio situacionais em que a comunicação verbal de um grupo se realiza por meio de dois módulos que segue abaixo:
Linguistic aspects 1. Aspectos linguísticos: que compreende a Phonology and orthographyfonologia e ortografia, a Grammargramática, voVocabcabulário e Discourse (textual) discurso (textual).
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Pragmatic aspects 2. Aspectos pragmáticos: que envolve a prática da língua em suas Functionsfunções, variações, habilidades de interação e o quadro cultural do indivíduo.
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Assim, sua proposta possibilitou a descrição das regras que configuram a Competência Comunicativa dos membros de determinadas comunidades, gerando a aquisição de certas capacidades linguísticas.
Hymes (1971) ainda menciona que a Competência Comunicativa deve ser abarcada como um conjunto de destrezas e conhecimentos necessários para que os falantes de uma comunidade linguística possam se entender, ou seja, tal competência seria a nossa capacidade de decodificar e usar, de maneira correta, o significado social das variedades linguísticas, em quaisquer situações.
É mister salientar que as Competências Comunicativas constituem em atos de comunicação entre dois ou mais indivíduos em circunstância de intercambio, dirigido por códigos de interação social, já que o homem é um ser sociável (VIGOTSKY, 1998).
Chomsky (1965) determina Competência Linguística como a capacidade que o falante tem de a partir de um número finito de regras, produzir um número infinito de frases. Desse ponto de vista, competência refere-se à capacidade de usar a língua de acordo com a situação e local onde o falante se encontra.
Dessa forma, o indivíduo possui a capacidade para praticar uma língua de forma comunicativa envolvendo, portanto, o conhecimento dessa mesma língua para usar esse conhecimento mediante seus anseios (BACHMAN, 1990).
Essa concepção de competência dar-se-á por meios de conhecimentos específicos que devem ser utilizados no processo de comunicação. Para isso, sugerimos um modelo simplificado a cerca do pensamento de Bachman:
Sentindo a necessidade de ampliar seus conceitos, reavaliou seu modelo e introduziu significativas alterações, denominando o conceito de competência para conhecimento, que por sua vez “gera a capacidade de utilizar o conhecimento da língua em sintonia com as características do contexto para criar e interpretar significados” (BACHAMAN 1991: 683).
O esboço a baixo transmite uma ideia dessa percepção de Bachman.
Fig. 1 – Criado a partir da teoria de Bachman, Lyle F. “Whal does languae testing have to offer ?” In: TESOL Quarterly, 25 (4), 1991.
Contudo, utilizar uma língua envolve conhecimento organizacional e pragmático dessa língua, querendo estratégicas metacognitivas. Desse modo, o conhecimento organizacional conduz o indivíduo a usar de maneira determinada os textos orais e escritos, enquanto o pragmático, estrutura os enunciados\frases, para produzir o significado. Do ponto de vista organizacional, esse está subdividido em gramatical, conexo como os enunciados\frases individuais se estruturam e textuais relacionados como os enunciados e frases se estruturam para gerar significados por meio de textos intangíveis. O pragmático por sua vez, se subdivide também em proposicional e funcional. O proposicional relaciona como o conteúdo está ligado aos enunciados\frases. Já o funcional, refere-se às intenções dos falantes e o sociolinguístico, ao uso da língua, que insere o homem no seu contexto social, cultural e psicológico, possibilitando definir como os enunciados\frases está relacionado aos atributos do contexto de sua inserção social. No mais, as estratégias metacognitivas estão relacionadas à forma de avaliação do falante, que produz a aspiração de se almejar um objeto X e o que é preciso para atingi-lo. Quanto aos objetivos, esses por sua vez, possuem o que o interlocutor deseja alcançar. E por fim, o planejamento, que traça metas antes de emitir o enunciado em mente, determinando como utilizar aquilo que deseja.
Almeida Filho, também se posicionou a respeito dessa linha de pensamento, tentando explicar o que é gerado pelo processo comunicativo no ensino\aprendizagem de uma língua. De tal modo, definiu apud SILVA, 2004: 13:
:
“comunicação como uma forma de interação social onde ocorrem demonstrações de apresentação pessoal, conjugadas ou não a casos de construção de conhecimento e troca de informações, esse autor concebe a comunicação verbal não como um simples processo linguístico, mas como um processo mais complexo, exigindo dos envolvidos uma competência comunicativa que, por sua vez, depende de outras competências e conhecimentos. Essa competência comunicativa inclui o desempenho do participante, desempenho este dependendo do seu grau de acesso aos conhecimentos disponíveis”.
Partindo do ponto de vista do pensamento de Almeida Filho, sugerimos o seguinte esquema abaixo:
Comunicação verbal
Exige competência comunicativa dos envolvidos
Conhecimentos (grau de acesso)
Competência comunicativa
X
Desempenho comunicativo (regra gramatical + contexto)
=
COMUNICAÇÃO
Assim sendo, a comunicação verbal exige um perfil de competência comunicativa dos envolvidos de maneira eficaz, visando o desenvolvimento científico do conhecimento a partir de seus graus de acesso que por sua vez, estabelece uma competência comunicativa, gerando desempenho a consolidação do aprendizado em seu contexto social, mediante suas habilidades e desempenho efetivo.
E assim, a comunicação vai transformando o mundo, cruzando caminhos, aproximando as pessoas. A comunicação objetiva favorecer o procedimento de crescimento humano, pois desde o começo do mundo ela se constitui como uma ferramenta precisa.
Sem comunicação o mundo nunca teria se desenvolvido e alcançado sua dimensão. Do que adianta existir o ser humano e não existir algo ou alguém que lhe faça ser alguém? A comunicação por sua vez, nos faz ser alguém dentro da sociedade, pois além de informar os indivíduos, também estreita o conhecimento e oportuniza novas descobertas. Dessa forma, somos informados e formadores da sociedade contemporânea que cresce e desenvolve cada vez mais suas competências comunicativas.
REFERÊNCIAS
BACHMAN, L. Considerations in Language Testing Ooxford: Oxford University Press, 1990.
__________. What Does Language Testing Quarterly, 25 (4), 1991 p 671 – 701.
BORDENAVE, Juan E. Diaz – O que é comunicação. São Paulo: Brasiliense, 2005. – (Coleção primeiros passos; 67). 105 p.il.
Chomsky, N. (1965). Aspects of the Theory of Syntax . Cambridge, Mass , MIT Press. (1965). Aspectos da teoria da sintaxe. Cambridge, Mass, MIT Press.
HYMES, D. 1971. "Competência e desempenho em linguística teoria" Aquisição de línguas: Modelos e Métodos. Ed. Huxley e E. Ingram. New York: Academic Press. 3-23.
SILVA, Vera Lucia Texeira. Competência Comunicativa em Língua Estrangeira. SOLETRAS, Ano IV, n 08. São Gonçalo: UFRJ, jul.\dez. 2004.
VIGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes,1998.